"Única das grandes subsidiárias da Eletrobras a ter tido seus parques de geração e de transmissão de energia totalmente privatizados, em 1998, a Eletrosul está disposta a retomar e ultrapassar sua antiga capacidade geradora e planeja chegar a 2020 como a maior produtora de energia eólica do país. A empresa tem participações em hidrelétricas e eólicas já licitadas que somam 1.848 megawatts (MW) que representam quase metade da capacidade de 3.719 MW que detinha quando privatizada.
"Há males [a privatização] que trazem o bem. A empresa ficou enxuta e quem permaneceu ficou com vontade enorme de reconstruir", disse o presidente da estatal, Eurides Mescolotto. Ele afirmou que a empresa desenvolveu uma forte cultura inovadora, daí os investimentos em eólica e a intenção de ser, no futuro, importante produtora de energia solar. Atualmente a companhia tem participação acionária em quatro projetos eólicos que somam 580 MW dos quais aproximadamente 316 MW pertencem a ela. Além disso, a Eletrosul está construindo, em sua sede administrativa, em Florianópolis, um parque gerador de energia solar de 1 MW cuja produção será colocada na rede de distribuição.
O primeiro leilão para gerar energia ganho pela estatal após a privatização ocorreu em 2005, com a usina hidrelétrica Passo de São João (RS) de 77 MW que deverá entrar em operação no começo de 2012. Mas a primeira geração após a venda dos antigos ativos ocorreu em junho, com as primeiras unidades geradoras do complexo eólico de Cerro Chato, em Santana do Livramento (RS). O parque, parceria com a fabricante de aerogeradores Wobben (90% são da Eletrosul), terá 90 MW de potência e tem licitada uma ampliação de 78 MW, dos quais a Eletrosul é dona de 49%.
A estatal ganhou em agosto, no leilão A-3, em parceria com o Fundo de Investimento em Participações (FIP) Rio Bravo, o direito de construir dois parques eólicos, em Garibatu e Chuí, ambos no Rio Grande do Sul, totalizando 402 MW. A Eletrosul detém 49%. Na área hidrelétrica, os maiores projetos são as usinas de Jirau, no Rio Madeira (RO), com até 3.750 MW e com obras em andamento, e na usina Teles Pires, no rio do mesmo nome, no Pará, cujas obras estão previstas para começar ainda este ano e que terá potência de 1.820 MW. Em Jirau a Eletrosul detém 20% e em Teles Pires, 24,5%.
Mescolotto disse que, no caso das grandes hidrelétricas, a participação da Eletrosul foi determinada pela Eletrobras. Por conta disso, a expansão nesse segmento dependerá do planejamento da controladora que, segundo o executivo, "está disposta a disputar todos os projetos nacionais e internacionais" compatíveis com sua operação, como, por exemplo, a interligação Brasil e Uruguai.
Já em eólica, Mescolotto ressaltou que a Eletrosul entrou por iniciativa própria, fruto da sua vocação. Ele destacou que com a carteira que detém a empresa já é a maior geradora eólica estatal do país e que não pretende parar. "Temos estudos em andamento de diversos projetos eólicos, especialmente no extremo Sul do país", disse. "Temos tudo para sermos, por volta de 2020, a maior produtora do país de energia eólica".
Para Mescolotto a geração eólica terá forte presença no Brasil nos próximos anos, devendo ultrapassar a geração térmica, a partir do gás natural, como fonte suplementar à geração hidrelétrica. Em relação à energia solar, ele avalia que ela também terá um papel importante, só que em um futuro mais distante. "Por enquanto é, praticamente, uma espécie de promessa", disse, ressaltando a importância para o desenvolvimento dessa fonte que o Brasil domine a tecnologia do silício, fato do qual, segundo ele, o país não está distante.
O repórter viajou a convite da Eletrosul."
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