"Diversas centrais sindicais, organizações de trabalhadores e movimentos sociais projetam a realização de um dia nacional de mobilizações nesta sexta-feira (30). A intenção de algumas entidades é reproduzir a greve geral do dia 11 de julho, quando centenas de categorias paralisaram completamente as atividades em todo o país.
Entretanto, o quadro ainda é de indefinição. As centrais sindicais expressam diferentes projeções sobre os atos desta sexta-feira. Enquanto algumas almejam a repetição de uma greve geral, outras falam apenas em paralisações parciais. Há quem defenda, também, que o dia registrará apenas mobilizações nas ruas, sem prejuízo significativo à indústria ou ao setor de serviços.
Em Porto Alegre, o movimento ocorre em contexto de mobilização dos bancários e de greve no magistério estadual. Neste sentido, o Bloco de Luta pelo Transporte Público, a CSP-Conlutas, a corrente CUT Pode Mais e o CPERS realizarão um ato às 11h em frente ao Palácio Piratini. A intenção destas organizações também é prestar apoio às populações indígenas e quilombolas do estado, que estão, desde esta quinta-feira (29), acampados em frente à sede do Executivo gaúcho para pressionar por demarcação de terras.
Ainda relacionado à greve dos professores, setores estudantis garantem que alunos também estão se mobilizando para promover paralisações nos colégios. “Isso está se gestando nas escolas. Em Passo Fundo, convocamos uma paralisação geral. Também chamamos uma assembleia na UFRGS, onde tentaremos parar o máximo possível. E a discussão de uma greve estudantil está muito forte no Ensino Fundamental em Porto Alegre”, informa Matheus Gomes, militante da Assembleia Nacional dos Estudantes – Livre (ANEL) e da Juventude do PSTU.
Oposição garante que rodoviários irão paralisar em Porto Alegre; sindicato afirma que ônibus irão circular
Os trabalhadores rodoviários de Porto Alegre estão divididos entre duas orientações para a sexta-feira. Por um lado, o sindicato da categoria afirma que não haverá greve e que os ônibus irão circular normalmente na cidade. Entretanto, a oposição interna à entidade assegura que já foram realizadas reuniões nas garagens e que elas serão fechadas ainda nesta madrugada.
“Tivemos reuniões em todas as garagens e foi tirado um comando de mobilização. Estamos trabalhando diuturnamente para que tenhamos sucesso na sexta-feira, assim como tivemos no dia 11. Acreditamos que nenhum ônibus irá sair”, afirma Luís Afonso Martins, motorista da Carris e integrante da CUT-RS.
Já Emerson Dutra, diretor de Divulgação e Propaganda do Sindicato dos Rodoviários, diz que a categoria realizará um ato no Centro, mas não paralisará as atividades. “Não faremos piquetes nas garagens. Os ônibus irão circular”, garante.
De acordo com o Sindimetrô-RS, os trabalhadores do Trensurb não irão paralisar as atividades na sexta-feira e o fluxo de operação será mantido normalmente.
CUT, Força Sindical e CSP-Conlutas realizam diferentes ações na sexta-feira
As centrais sindicais diferem entre si na avaliação e organização dos atos para esta sexta-feira. Enquanto a CSP-Conlutas articula mobilizações em frente ao Palácio Piratini, a CUT e a Força Sindical focam em atos no Centro de Porto Alegre, na Expointer e no interior do estado.
”Fizemos um mutirão com servidores públicos no Centro Administrativo e acreditamos que Executivo e Judiciário não funcionarão na sexta. Faremos uma mobilização de madrugada para parar todo o transporte público em Porto Alegre”, afirma Érico Corrêa, integrante da CSP-Conlutas.
Para o sindicalista, é preciso intensificar a greve realizada em 11 de julho. “Naquele momento, estávamos no calor das mobilizações. Agora é algo mais racional. Fizemos tudo o que fizemos e o governo não fez nada, não moveu um fio de cabelo”, critica.
O presidente da CUT-RS, Claudir Nespolo, afirma que as mobilizações desta sexta-feira estão “sendo construídas à lupa”. “Faremos um dia de paralisações, greves e manifestações. Terá uma mobilização na rodoviária de Porto Alegre às 6h e outra às 11h em frente à Expointer”, avisa.
Ele também assegura que serão realizados atos em Pelotas, Rio Grande, Ijuí, Santa Rosa e no Vale dos Sinos – onde, garante, algumas fábricas irão fechar. Em Canoas, ele aponta que petroleiros e metalúrgicos farão passeatas.
Claudir acredita que não é possível prever se esta sexta-feira repetirá a greve geral do dia 11 de julho. “Naquele momento, muita gente dizia que não iria acontecer e aconteceu. Estamos organizando os trabalhadores, a resposta deles dependerá do que acontecerá. Queremos mandar uma mensagem a empresários, elite, governantes e Congresso Nacional: não pode haver retrocesso na legislação trabalhista”, acentua.
O vereador Claudio Janta, presidente da Força Sindical no Rio Grande do Sul, entende que a sexta-feira será de mobilizações, mas não haverá greves. “Vamos atrasar a entrada em vários setores, no horário de almoço também, e a saída do trabalho será mais cedo. Faremos atos em vários pontos da cidade, será um dia de mobilização e luta”, afirma.
Para ele, entretanto, não será uma repetição do dia 11 de julho. “Não estamos chamando greve. Não é uma greve. Não existe essa orientação em nenhum ponto do Brasil”, observa."
Fonte: Sul21
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