terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Índice de doenças laborais no estado é 48% acima da média nacional (Fonte: MPT-SC)

"Frigoríficos, confecções e supermercados representam os setores com maior número de trabalhadores afastados por motivo de saúde
Florianópolis – O estado de Santa Catarina tem 48% a mais de doenças de trabalhadores do que a média nacional. É o que mostra o "Perfil de Agravos à Saúde em Trabalhadores de Santa Catarina", realizado por um grupo de pesquisadores da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e da Universidade do Vale do Itajaí (Univali). A pesquisa, considerada a mais profunda e abrangente sobre saúde laboral já realizada no estado, mostrou ainda que 38% das ocorrências são oriundas de 10 doenças, como fratura de punho e mão, lesões de ombro e depressão.
De acordo com o estudo, cujo período de realização vai de 2005 e 2011, o setor de frigoríficos é o mais preocupante. Atividades como abate de suínos, aves e outros pequenos animais, que empregam 50 mil trabalhadores de Santa Catarina, estão entre as atividades que mais adoecem para quem tem carteira assinada. No período pesquisado, os frigoríficos concederam 19.274 benefícios previdenciários, que representa 39% da mão de obra do setor. No mesmo intervalo de tempo, 124 empregados foram aposentados por invalidez, o que sugere que há política inadequada de prorrogação sucessiva de benefícios previdenciários.
Confecções - O segundo setor com maior índice de problemas é o de confecção de peças de vestuário, responsável pelo emprego direto de 93.636 pessoas. Os empresários dessa atividade concederam 34.879 benefícios previdenciários entre 2005 e 2011, o que representa 37% dos empregados, 15% com diagnóstico de distúrbios osteomusculares e 11% de transtornos mentais por causa do ambiente de trabalho.
Em terceiro lugar, aparece o setor do comércio varejista de mercadorias em geral, com predominância para empresas que vendem produtos alimentícios, como mercados e supermercados, abrangendo 59 mil trabalhadores. Só em 2011, 4,5% dos trabalhadores do varejo receberam benefício auxílio-doença. Deste total, 60% são mulheres. Aproximadamente 15% dos benefícios têm diagnóstico de distúrbios osteomusculares e 13% de transtornos mentais.
A pesquisa é baseada em análise de benefícios previdenciários concedidos entre 2005 e 2011, considerando o auxílio-doença comum e o auxílio-doença acidentário. Ao todo foram ouvidas 452.129 pessoas, equivalente a 28% da população trabalhadora de Santa Catarina. O estudo levou três anos para ser concluído e revelou o perfil de adoecimentos de trabalhadores nas 15 mais importantes atividades econômicas de Santa Catarina. 
Condições de trabalho – Um dos idealizadores da pesquisa, o procurador do Trabalho Sandro Sardá, destaca a evidente inadequação das condições do trabalho nas atividades econômicas pesquisadas. Para Sardá, o problema está possivelmente relacionado a diversas causas, como ritmo intenso, jornadas exaustivas, deslocamento inadequado de pesos, falta de proteção de máquinas e equipamentos, posturas inadequadas, trabalho exclusivamente em pé e insuficiência de pausas.
Ainda segundo o procurador, estudos anteriores indicam que metade dos empregados afastados por mais de seis meses em razão de doenças não retornarão ao mercado de trabalho. “O Brasil gasta anualmente cerca de 4% do PIB com doenças ocupacionais e aproximadamente 90% das doenças ocupacionais não são sequer notificadas. É fundamental que o poder público, os movimentos sociais e a sociedade como um todo tomem conhecimento da gravidade da situação e adotem medidas visando à proteção ao direito fundamental à saúde".
A pesquisa foi financiada pelo Ministério Público do Trabalho (MPT-SC), Federação dos Trabalhadores do Comércio do Estado de Santa Catarina (FECESC), Federação dos Trabalhadores nas Indústrias do Estado de Santa Catarina (FETIESC) e Sindicato dos Trabalhadores da Alimentação de Criciúma e Região."

Fonte: MPT-SC

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