"A Associação Brasileira de Distribuidores  de Energia Elétrica (Abradee) está bastante preocupada com a regulação  para a microgeração de energia que deve ser votada em breve pela Agência  Nacional de Energia Elétrica (Aneel). O presidente da entidade, Nelson  Leite, acredita que a proposta feita pelo órgão regulador não é justa  para com as concessionárias de distribuição e pode ainda causar  desigualdade entre os consumidores.
O executivo explica que, caso um cliente  decida colocar um painel solar em sua casa e passe a gerar energia, ele  vai continuar a usar a rede - uma vez que o consumo não acontecerá  necessariamente ao mesmo tempo em que a produção. A pessoa pode, por  exemplo, usar mais energia no horário de pico, à noite, enquanto a  geração solar se concentra durante o dia.
"Esse consumidor usou a rede, no horário  de ponta, para puxar energia. Se ele não estivesse ligado à rede,  precisaria de um banco de baterias para armazenar e usar ela depois. O  sistema de distribuição fará o papel de bateria para ele. E de backup  para o dia em que não fizer sol, para quando o equipamento der defeito. E  fazendo o controle de frequência, suprindo a potência reativa. É todo  um serviço que a distribuidora vai prestar e que não vai ser pago",  explica Leite.
Pela minuta de regulação apresentada pela  Aneel ainda no ano passado, o consumidor teria descontos em igual  proporção à energia gerada. Não haveria remuneração em dinheiro, como em  outros países, mas as distribuidoras deixariam de receber.
"E aí tem um negócio que é terrível. O  cliente está usando o sistema e, se gera mais do que usa, não vai pagar.  Aí quem vai pagar para ele? Porque o sistema de distribuição vai  continuar do mesmo tamanho, a remuneração da distribuidoravai continuar a  ser feita. Então os outros consumidores, que não colocarem painéis  solares, vão pagar a conta", analisa o executivo da entidade que reúne  as concessionárias de distribuição.
Para Leite, tal conjuntura seria a mesma  coisa que "o pobre pagar para o rico ter benefício", uma vez que o alto  custo de um sistema fotovoltaico ou da instalação de uma micro turbina  eólica não seria acessível para os consumidores de menor renda.
"É importante ressaltar que não somos  contra a microgeração. O que é preciso é definir com clareza quem vai  pagar a conta desse negócio. Não podemos aumentar a tarifa dos  consumidores remanescentes para isso", pondera"Extraído de http://www.jornaldaenergia.com.br/ler_noticia.php?id_noticia=9375&id_tipo=3&id_secao=14