"Entre 2008 e 2011, período que marca o início do uso das ações regressivas, por parte da Procuradoria Federal Especializada, para reaver os valores gastos com benefícios previdenciários de vítimas de acidentes de trabalho e doenças ocupacionais, o INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) entrou com 1.833 processos de cobrança contra empresas do país. Como o pagamento destes benefícios é decorrente de acidentes de trabalho provocados por negligências das empresas, o órgão faz uso das ações regressivas para que os empregadores arquem com os custos originados dessa prática como, por exemplo, aposentadorias por invalidez e auxílios-doença. Ao todo, o Instituto espera recuperar mais de R$ 363 milhões.
Somente no último ano foram movidas 417 ações regressivas. De acordo com dados do Ministério da Previdência, a indústria da construção civil, mineração, moveleira, calçadista, metalúrgica e de energia elétrica, além da agroindústria, são os setores econômicos que apresentam os maiores índices de acidentalidade. "Ao entrarmos com uma ação regressiva, além de fazer com que aquela empresa que não cumpre a legislação trabalhista arque com seu descaso, estamos ainda ajudando a combater os acidentes de trabalho, pois elas perceberão que é melhor investir em normas de segurança do que ressarcir o órgão", sintetiza o procurador-chefe da Procuradoria Federal Especializada junto ao INSS, Alessandro Stefanutto. Estima-se que 90% das ações já julgadas foram a favor do Instituto.
Medida
Para o gerente executivo de Relações do Trabalho e Desenvolvimento Associativo da CNI (Confederação Nacional da Indústria) Emerson Casali, o emprego das ações regressivas para pedir de volta os custos tidos com os benefícios previdenciários para um trabalhador ou sua família é uma medida descabida. "Para impetrá-las, a Procuradoria busca processos julgados em que ficou comprovado algum tipo de negligência do empregador, sendo que, às vezes, isso se dá até por uma defesa mal fundamentada. Ou seja, ela já tem provas constituídas e, com isso, ganha um elevado percentual de ações para não arcar com o seguro. Só que, se tem um ator historicamente negligente, é o Estado, que nunca realizou uma campanha de conscientização sobre a questão da Saúde e Segurança do Trabalho", contesta Casali."
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