quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Via Campesina apóia a greve dos trabalhadores rurais na África do Sul (Fonte: MST)

"Trabalhadores agrícolas da região vinícola do Cabo Ocidental, na África do Sul, estão em greve desde novembro de 2012, reivindicando melhores salários e condições trabalhistas. Por conta das manifestações e dos interesses dos donos de terras, a repressão policial às lutas dos trabalhadores é grande. Leia abaixo carta de apoio à luta dos trabalhadores agrícolas sul-africanos da Via Campesina África:
Basta de escravidão rural! Respeitem os trabalhadores agrícolas!
(Maputo, 14 de Janeiro 2013) – Durante o mês de Novembro de 2012, o mundo assistiu às greves dos trabalhadores agrícolas na África do Sul, especialmente os que trabalham nas vinhas, na província do Cabo ocidental. Protestavam contra a exploração e as pobres condições de trabalho e de vida, exigindo um aumento do salário mínimo.
Em muitos casos, a polícia sul-africana reagiu contra as manifestações com violência e intolerância, desrespeitando as leis. Muitos trabalhadores agrícolas e ativistas foram detidos, incluindo camponeses da “Agrarian Reform for Food Sovereignty Campaign” (Campanha da Reforma Agrária pela Soberania Alimentar), membros da Via Campesina. 
Após as negociações dúbias que interromperam as greves em Dezembro, o governo sul-africano recusou qualquer modificação do salário mínimo e a situação não mudou. No início deste mês de Janeiro, os trabalhadores retomaram as greves e têm sido reprimidos com força pela polícia.
Desde que começaram as greves, a sociedade civil sul-africana tem denunciado o fato dos fazendeiros e a polícia agirem em conjunto para reprimir os trabalhadores grevistas, beneficiados de um nível de impunidade elevado. Além disso, os dos donos das fazendas insultam com comentários racistas e sexistas os trabalhadores agrícolas.
A greve dos trabalhadores agrícolas na África do Sul tem que ser encarada como um movimento africano dos pobres rurais que protestam contra a injustiça e a exploração. O setor agrícola na África do Sul não emprega apenas cidadãos sul-africanos. Muitos dos trabalhadores agrícolas que trabalham em más condições são trabalhadores migrantes: homens e mulheres de países vizinhos tais como Moçambique, Zimbabué e Malawi.
Esses trabalhadores são muitas vezes os mais afetados pelos latifundiários, que se aproveitam do fato de eles estarem, em muitos casos, trabalhando ilegalmente e sem proteção social. A agricultura comercial sul-africana é a mais poderosa do continente, e prospera graças à opressão e à exploração dos trabalhadores agrícolas.
Estas greves são também o resultado do fracasso do governo em implementar uma Reforma Agrária na África do Sul. Os 30% de distribuição da terra que tinham sido prometidos até 2015 estão longe de serem implementados. Na verdade, em 2013, celebra-se o centenário da Lei fundiária de 1913, que tirou milhões de agricultores de suas terras, e transformou-os em trabalhadores rurais ultra-explorados e no proletariado sul-africano. Estas greves são um grito para dizer “basta!” aos 100 anos de escravidão rural.
A Via Campesina África declara o seu apoio e a sua solidariedade com os trabalhadores agrícolas na África do Sul, e condena todas as formas de violência perpetradas pela polícia sul-africana e o governo contra todos os trabalhadores agrícolas e ativistas. Juntamo-nos à voz das organizações da sociedade civil sul-africana e exigimos que o governo dê passos ativos no sentido de ouvir e reagir à chamada dos trabalhadores agrícolas que exigem um salário mínimo vital e uma vida digna."


Extraído de: http://www.mst.org.br/content/campesina-ap%C3%B3ia-greve-dos-trabalhadores-rurais-na-%C3%A1frica-do-sul

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