“Não vejo que o capitalismo tenha um caminho claro para sair da crise. Mesmo se existisse esse caminho eu não acho que o pensamento que existe nos círculos políticos seria capaz de tomá-lo, em outras palavras, mesmo se ele estivesse lá eles não conseguiriam enxergar”. É com essa brincadeira que o marxista David Harvey resume a crise e as “soluções” políticas que vêm sendo tomadas para atravessar esse período de recessão global do capital que já se arrasta desde 2008 quando a crise do subprime, a quebra do Lehman Brothers e a debilidade de tantas outras grandes empresas multinacionais de origem estadunidense levaram o mundo para o buraco.
O geógrafo britânico e atual professor da City University of New York esteve em São Paulo na última semana para dar palestras na PUC (27/02) e USP (28/02) e conversou com a Caros Amigos sobre capitalismo, crise, política e seu livro recentemente lançado no Brasil pela Boitempo Editorial, “O enigma do capital”.
Direito à cidade
Uma das principais ideias que defende em sua trajetória intelectual e política é a luta pelo direito à cidade, não apenas como um direito das pessoas terem acesso ao que existe na metrópole (como serviços de transporte, saúde, etc.), mas também como um direito de participar da construção e transformação do tecido urbano, da forma que julgar necessário. Para Harvey, a questão central do direito à cidade é confrontar a dinâmica da urbanização que segue somente a lógica da acumulação capitalista. Esse tema será aprofundado em seu próximo livro, que terá a versão inglesa lançada no mês de abril e ainda não tem data prevista para chegar em solos brasileiros, o “Rebel cities: from the right to the city to the urban revolution” (“Cidades rebeldes: do direito à cidade à revolução urbana”, em tradução literal), no qual defende que a reorganização das cidades pode ser o foco da resistência anticapitalista
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