"Supremo abriu ação contra João Ribeiro, dono de fazenda no PA.
O Supremo Tribunal Federal (STF) abriu ontem ação penal contra o  senador João Ribeiro (PR-TO) por manter em sua fazenda 35 trabalhadores  em condições análogas à de escravo. Por sete votos a três, os ministros  receberam a denúncia do Ministério Público e transformaram o parlamentar  em réu. Ele também responderá por aliciamento fraudulento de  trabalhadores e frustração de direito assegurado pela legislação. Também  é réu no mesmo processo o administrador da fazenda, Osvaldo Brito  Filho.
O inquérito foi aberto no STF em junho de 2004. Segundo o  Ministério Público, a partir de uma denúncia anônima, o Ministério do  Trabalho fez uma fiscalização em fevereiro de 2004 na Fazenda Ouro  Verde, no município de Piçara, no Pará. Os trabalhadores eram aliciados  em Araguaina, em Tocantins, para trabalhar no local mediante a promessa  de boa remuneração e benefícios.
Foram constatadas irregularidades  como ausência de registro na carteira de trabalho e ausência de  recolhimento de contribuição previdenciária. Sem instalações sanitárias,  os empregados faziam as necessidades fisiológicas ao ar livre. A comida  era feita em fogareiros improvisados e as refeições, no chão. Não havia  água potável - os trabalhadores bebiam a água dada aos animais e usada  para lavar roupas. Os dormitórios eram ranchos úmidos cobertos de  folhas.
Não havia assistência médica. Outro fator mencionado nos  autos é a obrigação dos trabalhadores de comprar mercadorias na fazenda.  As dívidas eram descontadas do pagamento. As jornadas foram  consideradas excessivas: das 6 às 18 horas, de segunda a sábado, e das 6  às 12, aos domingos. Não havia o repouso semanal remunerado determinado  pela Constituição Federal.
O julgamento começou em 2010, com o  voto da ministra Ellen Gracie, hoje aposentada., pela abertura do  processo, por considerar que os empregados viviam uma "repugnante e  arcaica forma de escravidão por dívidas". Em seguida, Gilmar Mendes  pediu vista e ontem defendeu no plenário o arquivamento do inquérito,  sem sucesso.O senador já responde a outra ação no STF, por peculato."
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