"Representantes do conselho vão fazer diagnóstico das dívidas retidas no TJ paulista para ajudar corte a reestruturar o setor
O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) deu ontem a partida para tentar resolver o problema da falta de pagamento dos R$ 20 bilhões em precatórios devidos pelo Estado de São Paulo e por municípios. Em reunião de que participaram a corregedora do CNJ, Eliana Calmon, e representantes do Tribunal de Justiça paulista e da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), ficou acertado que a partir do dia 5 uma equipe do conselho vai iniciar no TJ o trabalho de ajuda à organização do setor de precatórios.
Hoje, segundo o representante do TJ na reunião, o  presidente do tribunal, Ivan Sartori, deverá se reunir com o governador  Geraldo Alckmin. Conforme o estabelecido na reunião de ontem, na semana  de 5 a 9 de março, a equipe do CNJ vai fazer um diagnóstico da situação  dos precatórios paulistas. Em seguida, deverá ser iniciado o trabalho de  reestruturação do setor.
O presidente nacional da OAB, Ophir  Cavalcante, afirmou ontem que a situação dos precatórios em São Paulo  virou "caso de polícia". "Precatório em São Paulo não é mais caso de  Justiça, é caso de polícia. O que se está cometendo em São Paulo é um  atentado aos direitos humanos, é um atentado à dignidade do ser humano."
Cavalcante participou da reunião no CNJ para discutir soluções para o problema da falta de pagamento das dívidas judiciais.
O  braço estadual da OAB afirma que há no Estado cerca de 400 mil credores  de títulos alimentares e indenizatórios, dos quais ao menos 40 mil têm  como donos credores preferenciais - idosos e pessoas com doenças graves.  Segundo os cálculos da OAB-SP, ao todo, São Paulo deve cerca de R$ 22  bilhões em precatórios, e os municípios paulistas, outros R$ 15 bilhões.
Representante  do TJ na reunião, o desembargador José Joaquim dos Santos reconheceu  que o setor de precatórios está desorganizado. Isso ocorre, segundo ele,  devido à falta de servidores e recursos.
"O tribunal está aberto a  propostas e só não trabalhou dentro da linha de ação desejada por todos  porque, como eu disse, depende de recursos que provêm do Executivo. Os  tribunais de Justiça, de um modo geral, são carentes do ponto de vista  financeiro e estão enfrentando carência funcional", afirmou.
Ajuda.  A corregedora do CNJ, Eliana Calmon, informou que o órgão está  empenhado em ajudar o TJ paulista a resolver o problema de organização  do setor de precatórios. "Nós estamos fazendo uma primeira reunião para  sairmos daqui com algumas proposições. Cada um sairá com o seu dever de  casa. A solução será dada, mas nós vamos passo a passo para conseguirmos  chegar a um denominador comum. Qual é? Vamos solucionar o problema dos  precatórios no Tribunal de Justiça de São Paulo", disse a ministra.
Dívidas no País somam R$ 84 bi
No  domingo, 12 de fevereiro, o Estado mostrou que o Conselho Nacional de  Justiça (CNJ) preparava uma nova cruzada, desta vez para atacar a demora  no pagamento de precatórios. De acordo com dados do conselho, as  dívidas dos Estados e municípios reconhecidas pelo Poder Judiciário  somavam R$ 84 bilhões. Só os precatórios no Tribunal de Justiça de São  Paulo (TJ-SP) chegavam a cerca de R$ 20 bilhões.
Após constatar  que essas dívidas atingiam bilhões de reais e depois de ter recebido  reclamações de pessoas que tentavam há décadas receber o dinheiro (há  ações judiciais iniciadas há mais de 100 anos), a corregedoria do CNJ  enviou no ano passado ofícios aos tribunais de todo o País oferecendo  ajuda para que fosse realizada uma reestruturação dos setores de  precatórios. Apenas os tribunais de Mato Grosso, Pernambuco, Alagoas,  Piauí, Tocantins e Ceará aceitaram a ajuda.
Depois da publicação  da reportagem, o TJ estadual admitiu que não possuía um cadastro com a  relação completa dos credores de precatórios e nem sobre o montante dos  valores a eles devidos."
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