sexta-feira, 25 de maio de 2012

Desemprego recuou mais entre a população menos qualificada (Fonte: Valor Econômico)

"Os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que a queda na taxa de desemprego tem sido mais expressiva entre os menos qualificados. A taxa de desocupação medida pelo IBGE entre pessoas com até oito anos de estudo caiu 58,3% entre 2003 e 2011, para 5% da População Economicamente Ativa (PEA) com esse grau de escolaridade, o que equivale a uma redução de 7 pontos percentuais. Entre a PEA que tem ensino superior completo (apesar de a taxa de desocupação ser bem menor, de 2,9% em 2011), a redução nos últimos anos foi de 31%.

Naercio Aquino Menezes, coordenador do Centro de Políticas Públicas do Insper, explica que o espaço para a queda do desemprego entre os trabalhadores qualificados de alguns setores já é menor, o que implica certa rigidez de redução dessa taxa, ao passo que, para trabalhadores menos qualificados, existe maior flexibilidade. "Entre as pessoas que possuem o ensino superior, sempre vai haver uma taxa de desemprego friccional, que remete o tempo natural que o trabalhador leva para encontrar um novo emprego."

Clemente Ganz Lúcio, do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), chama a atenção para a frustração entre os jovens com alguma qualificação que se inserem no mercado de trabalho brasileiro - algo que, segundo ele, tem se tornado comum. Como a demanda por mão de obra qualificada não acompanha a oferta, muitas vezes esse jovem precisa aceitar um emprego que pague menos e não exija todo o conhecimento que ele adquiriu com o estudo. Ou seja, há um desperdício da sua qualificação. "Ele [o jovem] pensa que com nível superior a oferta de trabalho e um bom salário estariam garantidos. Mas isso não acontece."

O diretor do Dieese acredita que ainda haja um déficit educacional que "ilude" muitos desses jovens que, apesar de um diploma, não oferecem a qualificação que o mercado espera. "O abandono na área de engenharia pelo déficit em matemática é muito grande. A dificuldade de enfrentar o curso vem da formação básica do estudante e o mercado está muito seletivo quanto às qualificações", explica. "Começamos a perceber no mercado de trabalho o déficit educacional acumulado nas últimas duas décadas. Em 1990 isso não era percebido porque não havia tamanha pressão da mão de obra qualificada."

Não há uma fórmula para evitar essas frustrações. Os analistas, porém, concordam que a demanda da área de ciências exatas no Brasil é a mais promissora. "Houve uma expansão muito grande do ensino superior nos últimos 15 anos, mas essa expansão se concentrou nas matérias de humanas, como administração, economia e direito. No entanto, no mercado, principalmente em vista do crescimento econômico e do avanço em infraestrutura, existe uma demanda forte na área de exatas", destaca Menezes.

Enquanto o rendimento médio real da população ocupada com ensino superior cresceu 0,3% nos últimos oito anos, o mesmo índice avançou 37,1% na construção civil e 23,8% na indústria. Em nota, o Ministério do Trabalho confirmou a hipótese levantada pelos analistas. "Quanto ao tipo de mão de obra qualificada, temos indicativos de que os engenheiros, de um modo geral, são os mais procurados." (CG)"
Extraído de http://www.valor.com.br/brasil/2675966/desemprego-recuou-mais-entre-populacao-menos-qualificada

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