Valor Econômico - 27/02/2012
Dois meses depois de assumir a operação do Banco Postal, dos Correios, o Banco do Brasil (BB) começa a ampliar o leque de produtos e serviços ofertados por esse canal. Depois de estabilizada a operação de transferência do sistema, com todas as questões tecnológicas resolvidas, o BB negocia com os Correios formas de aproveitar as demandas diferentes dos 226,8 mil novos clientes já garimpados.
As mais de 6 mil agências dos Correios vão passar a oferecer crédito alinhado aos programas do governo federal. O BB está delimitando as linhas de microcrédito produtivo orientado, dentro do programa Crescer, direcionadas a empreendedores individuais e microempresas com renda anual de até R$ 120 mil. Também estão sendo definidas em quais regiões brasileiras o Banco Postal disponibilizará crédito aos agricultores familiares por meio do Pronaf (Programa Nacional da Agricultura Familiar).
A oferta de crédito corporativo no Banco Postal é uma das diferenças da nova parceria com o BB, em substituição ao Bradesco, que operou o canal por dez anos, e não tinha licença para vender diversos produtos. "Precisamos fazer com que esse canal nos proporcione o máximo de possibilidades de negócios", disse ao Valor Dan Conrado, vice-presidente de varejo, distribuição e operações do BB.
Antes mesmo de arrematar o Banco Postal em leilão, com lance de R$ 2,3 bilhões, que garantiu o direito de assumir o lugar que era do Bradesco desde 2002, o BB tinha em mãos pesquisas mostrando que as pessoas de baixa renda possuem uma "identificação" com os Correios. "Elas se sentem à vontade para recorrer aos serviços financeiros nessas agências", disse.
Para aproveitar esse "ativo" e se adaptar às demandas da nova classe média, o BB também vai oferecer no Banco Postal microsseguros, que permitem aos clientes se protegerem de riscos pagando prêmios de menor valor. O banco público também discute com os Correios os preços para oferecer cartões pré-pagos e títulos de capitalização, como opção de concorrência à Tele Sena.
"Todo o varejo, não só o bancário, está se reinventando para não perder esse mercado consumidor composto de 20 milhões de pessoas que passaram das classes D e E para a C. Os bancos agora precisam ter produtos adequados a esse tipo de renda", disse Dan Conrado.
Ele acredita que a oferta de crédito no Banco Postal, tanto para empresas como para consumidores, não vai aumentar o nível de inadimplência do banco. "São operações de menor valor, com risco muito diluído", afirma. "Toda nossa política de crédito, que nos faz ter a menor inadimplência do sistema financeiro, vai ser aplicada no Banco Postal".
Também já está pronta na plataforma tecnológica do Banco Postal, esperando apenas a formalização, a possibilidade de fazer nessas agências transferências de valores entre bancos diferentes por meio de DOC (documento de crédito) ou TED (transferência eletrônica disponível).
Atualmente, o Banco Postal abre mais contas do que a rede de agências do BB. Entre as 226,8 mil contas abertas, quase 3,5 mil são de pessoas jurídicas. O vice-presidente Dan Conrado reiterou a estimativa de abrir até o final do ano 2,2 milhões de contas, incluindo as de empresas. Os dados são comemorados pelo vice-presidente, que acredita no potencial de crescimento dos lucros com o processo de inclusão bancária. "Há dez anos se pensava que o canal físico seria totalmente desnecessário. Hoje, todos os bancos dizem que vão expandir a rede de agências porque as pessoas ainda demandam a utilização desse canal", disse."
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