sexta-feira, 25 de março de 2011

“Hereda assume Caixa e Geddel ganha cargo” (Fonte: Valor Econômico)

“Autor(es): Fernando Travaglini e Paulo de Tarso Lyra | De Brasília


Desgastada pelos problemas envolvendo a compra do PanAmericano, banco que continha uma série de irregularidades só detectadas pelo Banco Central meses depois da aquisição, e em meio a uma intensa disputa por espaço no segundo escalão, a presidente da Caixa Econômica Federal, Maria Fernanda Ramos Coelho, pediu demissão na manhã de ontem.

Ela será substituída pelo atual vice-presidente de Governo da Caixa, Jorge Fontes Hereda, que comandava o programa Minha Casa Minha Vida e os projetos ligados ao Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

Segundo pessoas próximas à Maria Fernanda, ela entregou o cargo por sentir que não teria condições de colocar em prática as mudanças que julgava necessárias para a Caixa nem de indicar os nomes para os postos chaves da instituição.

Em entrevista ao Valor, ela não quis comentar os motivos de sua saída, dias antes de completar cinco anos à frente do banco. Disse que as mudanças fazem parte do "processo democrático" e que "sai satisfeita e orgulhosa das contribuições que deu à instituição." Maria Fernanda é a segunda pessoa que mais tempo permaneceu na presidência da Caixa.

"Houve um processo de entendimento, de negociação, de articulação, mantendo a excelente relação que sempre tive com o ministro [da Fazenda] Guido [Mantega], de cinco anos. Mas considero que a missão que tive na empresa está concluída. Sou verdadeiramente apaixonada pela empresa onde passei mais da metade da minha vida (27 anos)", afirmou. Ela disse que todos os desafios foram enfrentados e solucionados. Ela cita como exemplo o caso PanAmericano, que ela considera "absolutamente equacionado" e que ainda trará "lucros para o acionista" (Tesouro Nacional).

Disse ainda que o fato de ter sido escolhido o nome de Hereda, que comandava os projetos ligados ao governo federal, mostra que a presidente da República, Dilma Rousseff, mostra seu "reconhecimento ao trabalho efetuado pela Caixa". O MCMV cumpriu a promessa de 1 milhão de contratos e o crédito da instituição avançou mais de 30% ao ano, mesmo durante a crise, chegando a R$ 180 bilhões, grande parte em função do crédito imobiliário.

Hereda está na instituição desde 2005, vindo da secretária de Habitação do Ministério das Cidades. Antes trabalhou nas prefeituras do ABC paulista. Baiano de Salvador, com formação em arquitetura e urbanismo, foi responsável pelo crédito imobiliário e pela implantação do MCMV e dos projetos do PAC e vem com o aval e indicação da presidente Dilma Rousseff. Dilma está puxando para próximo dela todas as pessoas que têm ligação com o PAC, a exemplo do que fez com a ministra da Planejamento, Miriam Belchior.

Na diretoria também houve mudanças. Para o lugar de Hereda, entra seu antigo subordinado, José Urbano Duarte, funcionário de carreira da Caixa. Saem Carlos Augusto Borges, Clarice Copetti, Bolívar Moura Neto e Carlos de Brito.

Entram o ex-Ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima (PMDB-BA), na vice-presidência de Pessoa Jurídica, indicação do partido. Marcos Vasconcelos e Márcio Percival continuam na instituição. Sérgio Rodrigues, ligado ao PTB, também segue em Logística, assim como Édilo Valadares, na cota do PT de Minas e Fábio Lenza, de Pessoa Física, na conta do PMDB.

Segundo o Valor apurou, a briga política foi intensa pelos cargos na Caixa, inclusive dentro do próprio PT: Jorge Hereda de um lado e o grupo formado por Maria Fernanda, Clarice Copetti e Carlos Borges do outro. Borges é ligado ao ex-presidente do PT, Ricardo Berzoini, nome do sindicalismo bancário que já perdeu espaço com mudanças no Banco do Brasil.

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, estava inclinado a manter Maria Fernanda, assim como Dilma, que já havia decidido, meses atrás, que ela ficaria.

O PMDB, que antes tinha na vice-presidência de Fundos e Loterias, Wellington Moreira Franco, e Fábio Lenza na pessoa física (que permanece), ficou também com a vice-presidência de Pessoas Jurídicas, com Geddel.

A bancada do PT esperava que a saída de Maria Fernanda fosse suspender as nomeações para os demais cargos da diretoria e foram pegos de surpresa com a informação de que Geddel estava confirmado. O PT sempre teve influência na CEF, mas agora assiste às nomeações feitas à revelia do partido.

A disputa diminuiu e resta apenas a diretoria de Fundos, vaga deixada por Moreira Franco, que pode ficar com o PMDB do Rio, em compensação pela perda de Furnas. O nome de Ernesto Lozardo, economista da Fundação Getúlio Vargas de São Paulo, também é cogitado, por indicação da Fazenda. (Colaborou Raymundo Costa)”

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