sexta-feira, 25 de março de 2011

“Geddel Vieira é nomeado vice da Caixa” (Fonte: O Globo)

“Caixa: sai Maria Fernanda, entra Jorge Hereda
Autor(es): agencia o globo: Vivian Oswald, Martha Beck e Gerson Camarotti

Rombo no PanAmericano foi o principal motivo da troca na presidência. Geddel é nomeado para o banco


BRASÍLIA. Depois de cinco anos no comando da Caixa Econômica Federal, Maria Fernanda Coelho deixou a presidência da instituição e será substituída pelo atual vice-presidente de Governo, Jorge Hereda, como antecipou ontem a coluna Panorama Político, do GLOBO. O constrangimento ao governo gerado pela descoberta do rombo bilionário no banco PanAmericano, do qual a Caixa comprou participação de 35,5% quando as fraudes já estavam em andamento, foi o principal motivo para o desgaste de Maria Fernanda, que colocou o cargo à disposição ainda no período de transição. Mas questões pessoais também pesaram.

Entre outras mudanças no banco, está a nomeação do peemedebista Geddel Vieira Lima - ex-ministro da Integração e candidato derrotado ao governo da Bahia - para a área de Pessoa Jurídica da instituição.
No fim da tarde, após reunião privada com a presidente Dilma Rousseff, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, que vinha articulando a saída de Maria Fernanda há pelo menos um mês, comunicou, em nota, o substituto da executiva e novos nomes para as vice-presidências - trocas estas feitas para remover executivos que não têm boa relação com Hereda e acomodar o PMDB.
Hereda foi escolhido pessoalmente por Dilma

Maria Fernanda, que pediu demissão oficialmente nesta semana ao ministro Mantega, assumirá uma das diretorias-executivas do Banco Interamericano do Desenvolvimento (BID), em Washington. Com mandato de três anos, ela entra no lugar de José Carlos Miranda, por indicação do governo brasileiro, que é responsável pela escolha do cargo juntamente com o Suriname.
O Palácio do Planalto não condena Maria Fernanda pelo episódio, mas considera que o caso do PanAmericano tornou sua permanência "esquisita". Foi sob a gestão dela que a CaixaPar, criada no contexto da crise de 2008, foi às compras, sendo a aquisição da fatia no PanAmericano, por cerca de R$740 milhões, a sua maior tacada até agora. Márcio Percival, presidente do braço de participações da Caixa, não foi substituído.

A Caixa fechou o negócio com o banco que então pertencia ao apresentador Silvio Santos em novembro de 2009, mas só entrou de fato na sociedade em julho do ano passado. Segundo o Banco Central (BC), que descobriu o rombo no PanAmericano, há indícios de que as fraudes contábeis começaram há cerca de quatro anos, ou seja, em 2006.

Os problemas vieram à tona no início de novembro, assim que foi encerrado o segundo turno das eleições. Maria Fernanda entregou o cargo, mas a demissão não foi aceita. O gesto, porém, foi visto pelo Executivo como uma demonstração de fraqueza. Não por menos, a avaliação do Palácio do Planalto é que, nos últimos meses, ela ficou enfraquecida.

Nas próximas semanas, a Caixa divulga seu balanço do primeiro trimestre. Os números já devem contabilizar as perdas com o Panamericano, no qual foram detectadas fraudes contábeis de aproximadamente R$4 bilhões.
Maria Fernanda também estava sob intenso bombardeio devido à lentidão da Caixa na liberação de recursos para projetos diversos e para o Minha Casa Minha Vida, o que colocou do outro lado da trincheira parlamentares e a indústria da construção. A instituição foi alvo de críticas no atual imbróglio sobre o pagamento de restos a pagar - entrando no cardápio de reuniões de Mantega e do ministro Luiz Sérgio (Relações Institucionais) com as bancadas do PT, por exemplo - e de empresários, reunidos inclusive na quarta-feira na Fazenda no Grupo de Avanço da Competitividade (GAC).

Além disso, segundo interlocutores, ela precisava fazer um tratamento de saúde, o que ajudou na sua decisão de pedir demissão a Caixa. Por considerar que a administração dela à frente da Caixa foi positiva no cômputo geral, o governo decidiu costurar com calma uma solução para substituí-la sem criar maiores desgastes para ela ou para o próprio Executivo. Esta veio há mais ou menos um mês, com a vaga aberta no BID.

Apesar de não ter sido um consenso, Jorge Hereda foi escolhido pessoalmente pela presidente Dilma Rousseff. Na vice-presidência de Governo, coube a ele negociar pela Caixa com as administrações estaduais e municipais os investimentos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) em habitação e saneamento. Ganhou a simpatia e a confiança de Dilma e da gestora do plano, a ministra do Planejamento, Miriam Belchior.

Hereda tem fortes ligações com o PT paulista, sendo do grupo da senadora Marta Suplicy (PT-SP), da qual foi secretário de Serviços e Obras na prefeitura de São Paulo. Ocupou secretarias nas áreas de Habitação e Desenvolvimento Urbano em outros municípios paulistas e foi o primeiro secretário de Habitação do Ministério das Cidades do governo Lula.”


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