terça-feira, 21 de maio de 2013

Estratégia acertada: com concessão vencida, Cesp garante lucro no curto prazo (Fonte: Jornal da Energia)

"A Cesp pode até ficar sem a concessão da hidrelétrica Três Irmãos a partir do segundo semestre, mas pelo menos uma parte dos ganhos financeiros que poderiam ser propiciados pela usina já foi garantida no primeiro trimestre com as vendas de energia no mercado de curto prazo.
Em teleconferência com analistas e investidores, o diretor Financeiro e de Relações com Investidores da companhia, Almir Martins, explicou nesta sexta-feira (17/05) a estratégia que resultou num lucro líquido de R$339 milhões nos primeiros três meses do ano, alta de 58,3% ante ao desempenho em 2012.
"De fato não aderimos à Medida Provisória 579/2012 e continuamos com a possibilidade de comercializar essa energia sendo de nossa propriedade. No primeiro trimestre, os preços praticados no curto prazo foram muito elevados. Tínhamos uma energia que ficou descontratada ao final do ano passado. Uma parte dessa energia foi comercializada no mercado livre, a preços maiores. A outra parte ficou contabilizada a nosso favor na CCEE (Câmara de Comercialização de Energia Elétrica) a preços altos", detalhou Martins.
"Talvez se tivéssemos aceito as condições da forma como foram oferecidas (na MP579), estaríamos em situação diferente, tendo que adquirir energia para fazer frente aos nossos contratos. Nossa estratégia foi acertada", comemorou o executivo.
A concessão da UHE Três Irmãos (807,5MW) está vencida desde 2011. Com o fim de contratos com distribuidoras no ambiente regulado em dezembro de 2012, a Cesp ficou com mais de 600MW médios descontratados. Como não aderiu à MP 579, pode vender a energia como bem quis, inclusive já sabendo os preços do mercado de curto prazo, uma vez que a sazonalização da energia para o ano de 2013 pode ser feita em fevereiro.
Sabendo o Preço de Liquidações das Diferenças (PLD) - que chegou a mais de R$500/MWh em janeiro por causa do acionamento térmico -, a empresa adotou a estratégia de alocar uma parte maior de energia os primeiros três meses do ano. "Ninguém fez loucuras, mas colocamos um pouco mais nos primeiros meses", minimizou Martins. O diretor garante que a alocação maior no início do ano não deixará a Cesp negativa no decorrer de 2013.
A partir de 18 de abril, energia de Três Irmãos foi alocada no sistema de cotas para as concessionárias de distribuição. Assim, a Cesp passou a receber apenas uma receita para operar e manter o ativo. Martins afirmou que o valor fixado é condizente aos custos.
Há uma expectativa do mercado que a usina seja relicitada ainda em 2013, sozinha ou com outros empreendimentos hidrelétricos que também estão com contratos de concessão vencidos. Martins afirmou que não tem ideia de quando a usina será relicitada. "O Governo Federal quer fazer isso o quanto antes", disse o diretor.
Com a saída de Três Irmãos, a empresa precisará reajustar os custos. Um Plano de Demissão Voluntária está em curso. Outra medida será tirar o ativo do estado "imobilizado" e passar para "não circulante" no segundo trimestre, fazendo com que o empreendimento deixe de ser amortizado.
O governo ainda terá que indenizar a Cesp pelo que não foi amortizado. A empresa enviou uma correspondência ao Ministério de Minas e Energia (MME) questionado sobre o valor da indenização, a metodologia de cálculo e quando será pago. Ainda não existe resposta.
Segundo Martins, o excelente resultado financeiro no primeiro trimestre não deve se repetir no mesmo nível no decorrer do ano."

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