sexta-feira, 11 de março de 2011

“Bertin reestrutura operação na área de açúcar e etanol” (Fonte: O Estado de S. Paulo)


Autor(es): Eduardo Magossi


Infinity, braço sucroalcooleiro do grupo, deve demitir cerca de 2 mil empregados e paralisar as atividades de usina no Espírito Santo

A Infinity, braço sucroalcooleiro do grupo Bertin, está fazendo uma reestruturação completa em sua operação, segundo o presidente da empresa, Douglas de Oliveira. A reestruturação envolve a demissão de cerca de 2 mil funcionários, paralisação das atividades de unidade Cridasa, no Espírito Santo, alteração societária e revisão de contratos.
A Infinity também dá os toques finais em uma captação de US$ 30 milhões a US$ 50 milhões, por meio de uma colocação privada de "uma estrutura específica de dívida de longo prazo" a ser fechada ainda este mês. A colocação seria utilizada para pré-pagamento de exportações de açúcar e em investimentos no crescimento orgânico da companhia, de acordo com o executivo. O prazo mínimo da colocação é de três anos.
O Grupo Bertin possui 71% da Infinity Bio Energia. Os demais 29% estão nas mãos de credores da empresa, que decidiram se tornar acionistas depois que a empresa pediu recuperação judicial em 2009. Criada em 2006 pelo executivo Sergio Thompson-Flores, a Infinity foi capitalizada por vários fundos internacionais que, com a crise financeira mundial e com a demora do retorno dos investimentos, abandonaram o projeto. As dívidas da empresa levaram ao pedido de recuperação judicial e subsequente compra pelo Bertin, em março de 2010.
De acordo com Oliveira, a reestruturação acontece no momento em que a Infinity se prepara para ter o primeiro resultado positivo de sua existência. "Na safra 2011/12, já vamos dobrar a produção de açúcar e elevar a moagem de cana-de-açúcar dos atuais 4,5 milhões para 7 milhões de toneladas", disse. Embora as seis usinas do grupo tenham capacidade instalada de 9 milhões de toneladas, a Infinity não possui cana disponível suficiente para atingir este potencial.
Oliveira explica que esse é o motivo da paralisação da usina Cridasa, no Espírito Santo. "As unidades Alcana, Disa, Cridasa e Ibirálcool da Infinity são muito próximas entre si e não há cana suficiente para todas. Elas estavam se canibalizando. Por isso, decidimos paralisar a Cridasa", disse. Oliveira afirma que, na safra 2011/12, a Infinity produzirá mais com menos funcionários e moendo cana localizada mais próxima das usinas, reduzindo custos de corte.
Investimento. Parte dos recursos que serão captados na colocação privada será revertida em investimentos na ampliação da área de cana e na maximização da produção de açúcar e de etanol anidro - que é misturado à gasolina na proporção de 25%. A expectativa é chegar à safra 2012/13 com moagem de 8,5 milhões de toneladas de cana. Na safra 2010/11, as usinas da Infinity produziram 300 mil toneladas de açúcar e 344 milhões de litros de etanol.
As seis usinas que compõem a Infinity são formadas por 22 empresas, segundo Oliveira, com uma única usina sendo constituída por várias empresas. "Estamos fazendo uma reestruturação societária e apenas quatro empresas devem sobrar. Do ponto de vista de gestão de custos, será muito mais fácil administrar." Para reduzir custos, a empresa também está revisando seus contratos, "de fornecedores de cana aos de limpeza".
O executivo informa que, agora, a Infinity prioriza a captação de recursos por meio de colocações privadas para promover o crescimento orgânico necessário para permanecer no azul. Porém, quando o assunto é expansão não orgânica (aquisições), Oliveira afirma que a Infinity está aberta para participar do movimento de consolidação do setor. "Vários grupos possuem cultura similar à do Grupo Bertin e podemos nos unir para ganhar escala", disse. Um requisito seria, contudo, a manutenção do controle pelo Bertin.
A Infinity também estuda investir na produção de energia com bagaço de cana em três unidades, em um volume total de 90 megawatts. Segundo Oliveira, a energia já estaria disponível em 2012/13. Esses investimentos, segundo o executivo, seriam realizados em conjunto com um parceiro. "Estamos analisando propostas e devemos chegar a uma definição em breve", disse.
Assim que assumiu a Infinity, o grupo Bertin investiu R$ 220 milhões no saneamento da empresa. Oliveira disse que outros R$ 190 milhões deverão ser investidos até o próximo ano no crescimento orgânico da produção e na manutenção da lavoura e das usinas.
Para lembrar
Grupo desisitiu de participar de Belo Monte
Um dos grupos frigoríficos mais importantes do País até entrar em dificuldades financeiras anos atrás, o Bertin parecia ter encontrado um novo rumo quando o governo apoiou a venda de sua área alimentícia para o JBS Friboi. A partir de então, o grupo lançou-se numa agressiva ofensiva para capturar concessões públicas na área de infraestrutura. Mas o passo parece ter sido maior do que as pernas. No mês passado, o Bertin desistiu de participar da Hidrelétrica de Belo Monte. Para continuar com as obras do Rodoanel, em São Paulo, precisou de socorro do Banco do Brasil e do Votorantim - que é sócio do BB. O grupo continua com problemas para tirar do papel um conjunto de termoelétricas que ganhou concessão para construir, em 2008. Para contornar suas dificuldades, o grupo negocia parte das termoelétricas e está no mercado em busca de sócios que melhorem seu fôlego financeiro.”


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