terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

“Linhão de Jirau atrasa e prejudica usina” (Fonte: O Estado de S. Paulo)

"Autor(es): Kelly Lima

Demora na concessão de licença ambiental da linha de transmissão leva consórcio a rever os planos de produção da usina do Madeira

O atraso na liberação de licença ambiental para a construção da linha de transmissão de energia do Complexo do Rio Madeira pode comprometer a rentabilidade do projeto de Jirau. O consórcio Energia Sustentável do Brasil (ESBR), responsável pela usina, conta com a antecipação em um ano do início das operações - de março de 2013 para março de 2012 - para gerar receita que compense o baixo valor oferecido pela tarifa no leilão realizado em 2008.
"Estamos buscando alternativas para minimizar o impacto deste atraso, seja antecipando o cronograma de crescimento de produção ou aumentando a capacidade de geração da usina", disse o diretor de Engenharia do consórcio Maciel Paiva, em entrevista à Agência Estado.
O atraso no início do funcionamento não tem nenhum impacto no atendimento da demanda, dizem especialistas, já que a oferta prevista contempla o crescimento do mercado. Mas o tema foi o principal destaque na primeira reunião da presidente Dilma Rousseff com o setor elétrico, em janeiro, por causa do comprometimento da rentabilidade dos investidores e, consequentemente, de todo o modelo.
Contrato. O contrato assinado na época do leilão prevê para março de 2013 o início da geração de energia para o mercado cativo e um gradual aumento de capacidade ao longo do ano. Mas a linha de transmissão, com 2,369 mil quilômetros de extensão, ligando Porto Velho (RO) a Araraquara (SP) teria de ser concluída um ano antes para os testes de comissionamento.
O consórcio responsável por Jirau, formado pelas empresas Suez, Camargo Corrêa, Eletrosul e Chesf, venceu o leilão oferecendo tarifa de R$ 71,40. Estrategicamente, pretendia antecipar a receita durante o período do comissionamento para garantir o retorno do investimento. A usina foi orçada em R$ 8,7 bilhões e a linha de transmissão, em R$ 3 bilhões. Hoje, o valor da energia no mercado livre está em torno de R$ 120, quase 70% acima da tarifa proposta pelo consórcio para o mercado cativo.
Segundo o diretor de Energia do ESBR, entre as alternativas para minimizar o impacto do atraso está o pedido feito à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) para aumentar a capacidade da usina de 3,3 mil para 3,75 mil megawatts (MW), com a colocação de seis turbinas a mais do que o previsto.
Outra medida, diz o diretor, é a construção simultânea da segunda casa de força, que disponibilizaria mais energia num prazo menor. "Com a conclusão desta obra, assim que o linhão ficar pronto já estaremos com 20 turbinas disponíveis de uma só vez para a venda da energia no mercado livre, sem a necessidade de crescimento gradual, como faríamos a partir de março", disse.
Em dezembro, o Ibama concedeu a licença prévia de construção do canteiro da obra, o que permite que os equipamentos da linha de transmissão comecem a ser depositados no local. Na época da liberação desse documento, o consórcio formado pela Cteep (51%) Furnas (24,5%) e Chesf (24,5%) anunciou que a obra seria concluída em 18 meses, caso a licença definitiva saísse ainda em fevereiro de 2011. O consórcio responsável pela construção da linha de transmissão não comenta o atraso no início da obra.
O professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Nivalde Castro lembra que o consórcio não tem sequer como pressionar os construtores do linhão, já que o atraso se deve à liberação da licença ambiental. "O problema mostra que, apesar do sucesso do modelo que privilegia a modicidade tarifária nos leilões de geração, ainda é preciso melhorar o formato do leilão de linhas de transmissão", avalia.
Segundo ele, o problema não vai afetar a Usina Santo Antônio, também no Madeira, porque ela possui uma linha alternativa que estará concluída no prazo e permitirá a antecipação da venda da energia regionalmente."

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