segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Centrais unem discurso, mas expõem rusgas na negociação do mínimo(Fonte: IG)

Rivais no movimento sindical, Central Única dos Trabalhadores (CUT) e Força Sindical se uniram no discurso para a reunião com o governo federal, marcada para esta sexta-feira, em São Paulo, e que pode definir o valor do reajuste do salário mínimo para este ano. Nos bastidores, porém, a tensão provocada pela negociação já resulta nas primeiras rusgas entre lideranças sindicais.
O encontro vai reunir os líderes das seis centrais e os ministros Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral da Presidência da República), Guido Mantega (Fazenda) e Carlos Lupi (Trabalho e Emprego).


Enquadradas por declarações recentes da presidenta Dilma Rousseff, que deu sinais de que não abre mão dos R$ 545 propostos pelo governo, as lideranças sindicais argumentam que o valor vai de encontro ao acordo de valorização permanente do salário. Dizem que o valor sugerido pelo governo apenas corrige as perdas com a inflação de 2010. A atual política para o salário mínimo provê reajuste com base na variação do Produto Interno Bruto (PIB) de dois anos atrás mais a inflação. Como em 2009 a economia encolheu, o salário, para 2011, sofreria apenas uma correção com base na inflação.
Durante a semana, o presidente da Força, o deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), indicou que seria aceitável que houvesse antecipação do salário para 2012 - já que a variação da economia foi maior em 2010. A indicação foi mal recebida pelos dirigentes da CUT, que disseram que o deputado estaria colocando o carro na frente dos bois, entregando a estratégia para o adversário.
Oficialmente, CUT e Força defendem que, desta vez, o governo leve em conta a excepcionalidade enfrentada pelo País em 2009, quando medidas anticíclicas foram tomadas para o enfrentamento da crise financeira internacional – com corte de impostos e injeção de recursos para empresas via bancos públicos. “Queremos tratar 2011 de forma excepcional, da mesma forma como trataram as empresas, diminuindo impostos, ampliando o crédito de bancos públicos. Todas essas medidas, corretas, na nossa opinião, foram aprovadas, de forma também excepcional, naquele momento, e reduziram os impostos e a arrecadação”, diz Artur Henrique, presidente da CUT.
“Queremos que essa excepcionalidade seja levada em conta. Em 2009, o governo cedeu, o que foi bom, foi muito importante. Agora queremos o mesmo privilégio. A excepcionalidade vai ser menor do que o governo gastou (naquele ano)”, completa Miguel Torres, vice-presidente da Força.


Obstáculos
Um dos obstáculos que serão enfrentados pelas centrais será o argumento do governo de que a injeção de recursos na economia com o reajuste acima do proposto poderia, além de comprometer o orçamento, incentivar o consumo e provocar inflação – algo que as centrais rejeitam. “Esse dinheiro volta para o governo na forma de impostos”, argumenta Henrique.
“Antes, falavam que (o aumento do salário mínimo) quebrava a prefeitura, os Estados, mas, com o aumento dos últimos anos, o País teve mais renda, melhorou. Estamos ajudando a presidenta. Ela não quer erradicar a pobreza? Esta é a ferramenta mais eficaz”, completa Torres.
A reunião acontece num momento de tensão na relação entre governo e centrais – que evocam um certo saudosismo da gestão do ex-presidente Lula, segundo elas mais aberta ao diálogo. Na última semana, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, foi ironizado e chamado de “insensato” em nota assinada por Paulinho da Força, por negar que o governo estivesse disposto a promover mudanças na tabela do Imposto de Renda.
As centrais defendem que o governo aumente a faixa para isenção do imposto, que, segundo elas, “comeria” os ganhos obtidos pelos trabalhadores – acima da inflação – nos últimos meses. Questionada sobre o tema, Dilma demonstrou irritação por esse assunto ter entrado em pauta juntamente com a discussão sobre salário mínimo.
A correção da tabela é uma questão “prioritária” e deve ser discutida na reunião de sexta-feira, segundo Artur Henrique. “É evidente que são temas diferentes, porque atingem públicos diferentes. O salário mínimo beneficia 49 milhões de pessoas em todo Brasil e a correção da tabela atinge a grande maioria da classe trabalhadora. O que nós defendemos é que não dá para deixar de tratar do tema”, diz Henrique.
Em sua mensagem ao Congresso, na última quarta-feira, Dilma sinalizou que estuda enviar aos parlamentares um projeto para que haja uma política de valorização permanente do salário mínimo. É isso o que será cobrado no encontro com os ministros, segundo as centrais – para que seja mantido acordo semelhante com o que foi assinado com Lula no segundo mandato.
“Queremos que o compromisso assumido durante a campanha possa ser garantida por uma medida provisória que garanta valorização do salário até 2015”, diz o líder da CUT.”
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