quinta-feira, 12 de maio de 2016

Recomendação 17 - 29.4.16 - MTPS - Recomenda a manutenção e fortalecimento da institucionalidade e da capacidade administrativa, orçamentária e financeira da Secretaria Nacional de Economia Solidária do Ministério do Trabalho e Previdência Social para promoção efetiva das políticas públicas nacionais de economia solidária.

O Conselho Nacional de Economia Solidária, reunido em sua XX Reunião Ordinária, no dia 29 de Abril de 2016, considerando que: 
a)a economia solidária emergiu em um contexto de crise social e de transformações ocorridas no mundo do trabalho, tendo se afirmado como estratégia dos movimentos sociais de construção de um modelo de desenvolvimento solidário, sustentável e inclusivo presente em todos os estados e territórios brasileiros, com articulações nacionais e internacionais; 
b)o trabalho associado é uma opção para enfrentamento ao desemprego e a precarização do trabalho por meio de milhares de iniciativas coletivas, organizadas sob a forma de autogestão que realizam atividades de produção de bens e prestação de serviços, de crédito e finanças solidárias, de trocas, de comércio e consumo solidário; 
c)ao longo dos últimos 13 anos, ocorreram avanços na política nacional de economia solidária implementada pelo Governo Federal, coordenada pela Secretaria Nacional de Economia Solidária e co-produzida em diálogo com os movimentos sociais; 
d)apesar de permanecerem muitos desafios para consolidar a política nacional de economia solidária, importantes resultados foram alcançados, com destaque para: a.a identificação de mais de 33 mil empreendimentos com mais de três milhões de pessoas que optaram pela economia solidária como opção de trabalho e de vida; b.o apoio e fomento ao desenvolvimento de milhares de iniciativas de economia solidária nas áreas da educação, assessoramento técnico, incubação, finanças solidárias, redes de cooperação de produção, comercialização e consumo; c.a criação do Conselho Nacional de Economia Solidária, de 15 conselhos estaduais e de crescente número de conselhos municipais de economia solidária; 
e)as ações do Governo Federal de apoio e fomento à economia solidária beneficiam hoje mais de 250 mil pessoas e quase 11 mil empreendimentos econômicos em 2,5 mil municípios das 27 unidades da Federação, contribuindo para a superação da situação de pobreza por meio da organização social e econômica pautada nos princípios de Economia Solidária, na perspectiva implantada pelo Plano Brasil Sem Miséria;
f)no Plano Plurianual 2016-2-019 as iniciativas de economia solidária foram incorporadas em vário programas temáticos para fomentar o trabalho associado, contribuindo para a emancipação econômica de mulheres, da juventude e de povos e comunidades tradicionais; para promoção da qualidade ambiental com a agroecologia e a reciclagem popular; para incentivar o desenvolvimento local e territorial; para contribuir com a redução do impacto social do álcool e outras drogas; para oferecer alternativas de reinserção social para população em situação de rua, para sofredores mentais e outras pessoas em situação de desvantagem social; 
g)no entanto, o atual contexto econômico e político brasileiro, associado à crise econômica internacional, com a adoção de medidas de ajuste fiscal e o fortalecimento de posições políticas conservadoras trazem consequências imediatas e ameaçam o futuro da política nacional de economia solidária; 
h)os sistemáticos contingenciamentos de recursos orçamentários e financeiros da União, iniciados em 2015 e agravados em 2016, reduziram em mais de 60% o orçamento da Secretaria Nacional de Economia Solidária destinado à manutenção e ampliação dos instrumentos e ações que estão sob a sua responsabilidade; e i)os constantes anúncios de ajustes na administração pública com redução de estruturas e de cargos de gestão impactam nas políticas públicas que foram conquistadas pela sociedade brasileira nos últimos anos, inclusive com a eminência de rebaixamento institucional da Secretaria Nacional de Economia Solidária e a consequente perda da estrutura departamental, colocando em risco a capacidade de atuação desse órgão que é uma conquista dos movimentos sociais que atuam com a economia solidária, recomenda: 
Art. 1º Que a União garanta as condições políticas, institucionais e orçamentárias para a implementação dos objetivos, metas e ações prioritárias previstas no 1º Plano Nacional de Economia Solidária, elaborado no âmbito da 3ª Conferência Nacional de Economia Solidária, para que a economia solidária possa ser de fato reconhecida social e politicamente como parte de um novo modelo de desenvolvimento sustentável, solidário e democrático. 
Art. 2º Que os poderes executivo e legislativo encaminhem e aprovem medidas urgentes para propiciar um ambiente institucional adequado ao desenvolvimento dos empreendimentos econômicos solidários com facilitação da formalização, tratamento tributário adequado, acesso ao financiamento, tratamento diferenciado na comercialização de seus produtos e serviços, no desenvolvimento e disseminação de conhecimentos e tecnologias sociais apropriadas, possibilitando a efetiva promoção da organização coletiva autogestionária de trabalhadores e trabalhadoras, sua proteção social e a melhoria de sua qualidade de vida. 
Art. 3º Que o Governo Federal preserve e fortaleça a Secretaria Nacional de Economia Solidária bem como amplie sua capacidade institucional, operacional e econômica para viabilizar as ações necessárias de enfrentamento ao desemprego, de superação da pobreza extrema e de promoção de processos virtuosos de dinamização econômica com responsabilidade social e ambiental. 
Art. 4º Esta Recomendação entra em vigor na data de sua publicação. 

MIGUEL ROSSETTO Presidente do Conselho

Fonte: DOU

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