quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Ex-braço direito de Fleury, delegado terá de depor sobre crimes da ditadura (Fonte: Verdade Web)


"Ainda na ativa, Carlos Alberto Augusto, conhecido como Carteira Preta e Carlinhos Metralha, faz parte da lista dos agentes públicos que serão chamados pela Comissão da Verdade
No topo da relação de agentes públicos que teriam participado de prisões, torturas, execuções e desaparecimentos forçados a serem chamados pela Comissão da Verdade estão três delegados da Polícia Civil de São Paulo – um deles ainda na ativa – e um coronel. A lista completa será formada, ao longo das investigações, por dezenas de agentes civis e militares.
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O mais importante deles é o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, que comandou o principal órgão do regime militar, o Doi-Codi, e dirigiu por mais tempo o esquema repressivo em São Paulo. Já na reserva, Ustra será convocado (e não intimado) a prestar depoimento.
Serão chamados também os delegados Dirceu Gravina, Alcides Singilo e Carlos Alberto Augusto, conhecido como Carteira Preta e Carlinhos Metralha, braço direito do ex-chefe da Delegacia de Ordem Política e Social (Dops), Sérgio Paranhos Fleury. Como ainda está na ativa, ele não pode se recusar a atender a intimação.
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Protetor de um dos delatores das organizações de esquerda, Anselmo José dos Santos, o cabo Anselmo, Carteira Preta é o único do grupo que ainda está na ativa. Há duas semanas foi transferido para a delegacia de Itatiba, na Grande São Paulo. É o homem chave e testemunha ocular do período mais forte dos conturbados anos de chumbo em São Paulo. Também participou de operações da repressão em várias regiões do País.
Pelo acordo de cooperação firmado entre a Comissão Nacional da Verdade (CNV) e as entidades estaduais, as oitivas serão feitas em sessões conjuntas e de comum acordo. A pauta de convocação será definida pela importância de cada agente público no organograma da repressão e, especialmente, o que ele pode revelar para esclarecer os episódios que estão sendo investigados.
O jornalista Ivan Seixas, coordenador da comissão paulista, diz que os depoimentos serão definidos a partir de dossiês que estão sendo organizados. A base de informações são depoimentos das vítimas da repressão, de familiares de desaparecidos e pessoas que testemunharam fatos que possam levar à identificação dos torturadores ou ao paradeiro de 179 militantes da luta armada – nesse grupo estão também 46 ativistas sumidos no exterior.
“Só vamos pedir a convocação dos agentes sobre os quais não haja dúvida sobre o que sabem”, diz Ivan Seixas. Sobre Ustra, Gravina, Singilo e Carteira Preta há dezenas de relatos apontando a participação direta dos quatro em prisões e tortura de prisioneiros que desapareceram nas mãos do regime. Além disso, os quatro também estão sendo processados na Justiça Federal.
Como foi em São Paulo que se concentraram as operações do regime militar para eliminar a guerrilha urbana, entre 1969 e 1976, boa parte dos personagens listados pela CNV também serão ouvidos em sessões conjuntas.
Nesta relação estão figuras como o ex-prefeito de Curionópolis (PA) Sebastião Rodrigues de Moura, o major Curió, o coronel Lício Maciel, o delegado Sérgio Guerra e, entre outros, o ex-sargento Marival Chaves Dias do Canto. Todos eles já foram ouvidos também pelo Ministério Público Federal.
O grande dilema da comissão é definir uma estratégia eficaz para extrair informações que possam a ajudar a reconstituir os anos de chumbo e elucidar episódios ainda obscuros, como o paradeiro dos desaparecidos. Como não tem poder de polícia e nem pode responsabilizar criminalmente quem mentir ou se omitir, as comissões terão de contar com a boa vontade dos convocados em colaborar."

Fonte: Verdade Web

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