quarta-feira, 18 de maio de 2011

“Petrobras corta US$ 35 bi contra inflação” (Fonte: O Globo)


“Tesoura de US$35 bi na Petrobras
Autor(es): agência o globo: Ramona Ordoñez, Danielle Nogueira e Lucianne Carneiro

Estatal terá que reduzir investimentos para compensar perda de receita com proibição de reajuste da gasolina

OConselho de Administração da Petrobras exigiu que a empresa revise seu Plano de Negócios para o período 2011-2015 e corte cerca de US$35 bilhões em investimentos, segundo fontes da estatal. O pedido foi feito na sexta-feira passada em reunião do Conselho em São Paulo e foi acompanhado de orientações expressas por parte do governo federal para que a companhia não aumente os preços da gasolina e do diesel. O objetivo é conter a escalada da inflação. As vendas desses dois combustíveis representam cerca de 60% da receita da Petrobras. Sem poder reajustá-los, a empresa terá menos recursos disponíveis para realizar seus investimentos. Daí a necessidade do corte. Na avaliação de analistas, o pedido do Conselho, no qual o governo tem cadeira, também teria o objetivo de contribuir para o ajuste fiscal.

Na reunião de sexta-feira, a Petrobras apresentou sua proposta para o novo Plano de Negócios, da ordem de US$260 bilhões, e esperava que ela fosse aprovada na ocasião. O montante proposto representaria um aumento de 16% em relação ao plano de investimentos anunciado no ano passado e válido para o período 2010-2014 (US$224 bilhões). Com o corte, de 13,5% do total, o novo plano praticamente manteria os valores atuais.

Em teleconferência com analistas ontem, o diretor financeiro da Petrobras, Almir Barbassa, admitiu a possibilidade de cortes:

- O Conselho nos deu várias demandas para examinar, e uma delas diz respeito à redução de investimentos. Mas são análises apenas a serem apresentadas - explicou Barbassa. - Isso só vai ser divulgado ao fim do processo de estudos. O Conselho pediu que fizéssemos avaliações, estudos de sensibilidade diversos sobre o plano que estamos formatando para o período de 2011 a 2015.

Área de refino deve ser a mais atingida

Com base na determinação do governo federal, cada diretoria está avaliando as possibilidades de corte. Os analistas de mercado que acompanham a Petrobras são unânimes em afirmar que a área de refino será a mais atingida. Em primeiro lugar porque ela tem margens de lucro mais apertadas que a área de Exploração e Produção (E&P), atividade mais rentável e que tradicionalmente recebe mais investimentos. No Plano de Negócios (2010-2014), os recursos destinados ao Refino somam R$73,6 bilhões ou 33% do total. Para o E&P estão previstos R$118,8 bilhões (53% do total).
Em segundo lugar, dizem os especialistas, há grandes projetos de refino ainda em fases iniciais, que seriam mais facilmente postergados. Casos das refinarias Premium I e Premium II, que serão erguidas no Maranhão e no Ceará. No Plano de Negócios atual elas entrariam em operação em 2014 e 2017, respectivamente. A Refinaria Abreu Lima (PE), que seria construída em parceria com a venezuelana PDVSA, também poderia sofrer algum corte, apesar de a previsão de inauguração (2013) estar mais próxima que as demais.

- O pré-sal é uma prioridade e vai exigir grandes investimentos. Não acredito que um eventual corte atinja projetos relacionados a ele. Biocombustíveis e investimentos na melhora de qualidade do diesel também devem ser mantidos. Os projetos de grandes refinarias seriam os mais prováveis a receber os cortes - avalia Nelson Rodrigues de Matos, analista do Banco do Brasil.

Na avaliação de Osmar Camillo, da corretora Socopa, o pedido do Conselho de Administração da Petrobras também entra nos esforços que as estatais terão de fazer para que o governo federal cumpra seu ajuste fiscal.

- O governo vai buscar inúmeras justificativas, mas é uma decisão política que visa a contribuir para o ajuste fiscal - diz.

Para o analista da Planner Corretora Henrique Ribas, já havia uma expectativa do mercado de que o plano de investimentos da companhia seria menor, diante da dificuldade de reajustar o preço do combustível. Isso não seria necessariamente ruim:

- Um plano de investimentos menor ameniza a preocupação do mercado com o endividamento e a necessidade de mais aumento de capital. A expectativa é por um número mais racional, mais fácil de ser realizado - diz Ribas.

Por outro lado, o analista da Planner Corretora aponta que a redução dos investimentos pode comprometer a expansão da empresa no futuro:

- Dado esse ajuste no plano de investimentos, o crescimento da empresa pode ser prejudicado.
A expectativa de redução de investimentos e a sinalização da Petrobras de que não vai recorrer a novas emissões de ações caso precise captar mais recursos fizeram as ações da empresa fecharem em forte alta pelo segundo dia seguido. Na última sexta-feira, a estatal também divulgou um balanço trimestral positivo, com aumento do lucro líquido de 42%, para R$10,98 bilhões.
Os papéis preferenciais da Petrobras (PN, sem direito a voto) subiram 1,92% ontem, para R$24,40, acumulando alta de 3,74% em dois pregões. Já os ordinários (ON, com direito a voto) avançaram 1,59%, para R$27,45, com ganho acumulado de 3,98% em dois dias. No ano, no entanto, os papéis ainda acumulam perda de 8,90% e 8,66%, respectivamente.
- Agradou ao mercado a informação de Barbassa de que, se a Petrobras precisar de mais captações, não vai recorrer a novas emissões de ações, mas sim a bancos, ao BNDES ou à emissão de títulos - afirmou o analista do setor de petróleo da SLW Corretora Erick Scott Hood.

Bovespa tem alta de 1,34%; dólar recua

A alta da Petrobras ajudou a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) a fechar em alta ontem, depois de três quedas seguidas. O Ibovespa, referência do mercado, subiu 1,34%, aos 63.673 pontos, deixando para trás o patamar de 62 mil que tinha atingido na segunda-feira.

- O mercado ainda está fraco, patinando, mas com o nível mais baixo alguns papéis começam a ficar atraentes - afirmou o sócio da Humaitá Investimentos Marcio Macedo.

Segundo o gestor de renda variável da Oren Investimentos, Rodrigo Mello, a recuperação de outras ações que sofrem no ano - como OGX e siderúrgicas - ajudou o Ibovespa a fechar no território positivo. Já o dólar caiu 0,61%, a R$1,622, depois de dois leilões do Banco Central para compra da moeda americana no mercado à vista.”


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