quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

“Depois de Angra 2, foi a vez de Angra 1 parar por equipamento ruim” (Fonte: O Globo)

Autor(es): Agência O globo: Ramona Ordoñez e Bruno Rosa

Menos de 24 horas depois de a usina nuclear de Angra 2 ter sido desligada por causa de uma falha em um equipamento da parte elétrica, Angra 1 também parou. O primeiro incidente ocorreu por volta de 3h da madrugada de terça-feira, quando Angra 2, de 1.350 MW foi desligada. Depois, às 21h49m do mesmo dia, foi a vez de Angra 1, de 625 MW, sair do sistema interligado por uma falha no medidor de pressão no prédio onde fica o reator, gerador de vapor e outros equipamentos. Por volta das 18h de ontem, Angra 1 voltou a funcionar normalmente. Angra 2 deve ser religada hoje no fim do dia.

A energia gerada pelas duas usinas juntas - praticamente 2.000 MW - equivale a 30% da energia consumida no Estado do Rio de Janeiro. Para compensar o desligamento das usinas de Angra, o Operador Nacional de Sistema (ONS) precisou acionar quatro usinas termelétricas a gás de 700 MW ao todo e aumentou a geração de hidrelétricas da Região Sul (incluindo Itaipu) em mais 600 MW. A energia gerada nas termelétricas a gás custam mais caro e, por isso, a conta chegará futuramente para os consumidores nos próximos reajustes anuais da conta de luz.

Eletronuclear garante que manutenção está em dia

A Prefeitura de Angra dos Reis vai solicitar uma reunião com a Eletronuclear, a empresa responsável pela usina, e a Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen), órgão fiscalizador, para saber o que ocorreu. Especialistas e ambientalistas, no entanto, dizem que apesar de ser raro, não é impossível ocorrer dois incidentes desse tipo num período de tempo curto.

O superintendente da Eletronuclear, Antônio Carlos Mázzaro, garantiu que os programas de manutenção nas nucleares são bastante rígidos e que as usinas sofrem manutenção anualmente quando são desligadas para trocar parte do combustível. Toda atividade das usinas é fiscalizada e acompanhada pela Cnen.

- Os programas de manutenção são muito rígidos seguindo normas internacionais observadas pela Cnen, pelos fabricantes dos equipamentos e também pela própria Eletronuclear - afirmou Mázzaro.

O executivo da Eletronuclear explicou que em setembro ou outubro deste ano está prevista a parada para troca de combustível e manutenção de Angra 1. No início de 2012, para Angra 2.

O professor do Programa de Pós -Graduação em Ciência Ambiental da USP Joaquim Francisco de Carvalho disse que são normais esse tipo de falhas em equipamentos de um sistema elétrico. No entanto, o especialista destacou que as paradas não programadas nas usinas aumentarão seu custo de geração. Isso porque a tarifa é calculada com base no tempo médio de operação da usina durante o ano.

- Certamente o fator de capacidade será menor, o que significa que o custo da geração será maior - explicou Joaquim de Carvalho.

Angra 3 prevê que haja controle externo

O secretário estadual do Ambiente do Rio, Carlos Minc, ressaltou que Angra 1 e 2 não contam com sistema de controle externo. Com isso, ressaltou Minc, só a Eletronuclear tem acesso aos reais motivos das paralisações. Para Angra 3, a regra vai mudar:

- No caso de Angra 3, há uma cláusula em que haverá um sistema de controle externo. Assim, uma universidade ou uma empresa poderá fazer o monitoramento da usina, aumentando a transparência.

Minc lembrou ainda que o sistema de manutenção de Angra 1 e 2 se aperfeiçoou. Ele lembrou que, embora as interrupções possam acontecer, é preciso ver o motivo dos desligamentos. O professor Luiz Pinguelli Rosa, diretor da Coppe, lembrou que a manutenção das usinas é muito rigorosa:

- Esse rigor é necessário. É uma coincidência as duas usinas terem parado. É até uma surpresa o que aconteceu.”

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