terça-feira, 10 de maio de 2011

Pesquisa Focus: “Queda do preço dos bens básicos e elevação salarial” (Fonte: O Estado de S. Paulo)


“Com muita parcimônia, a Pesquisa Focus registrou ontem o otimismo, gerado pela queda do preço das commodities, nos meios empresariais em relação à inflação deste ano. Se há esse fator de otimismo, não se pode menosprezar o efeito dos reajustes salariais das grandes categorias de operários. Teremos nos próximos meses um possível conflito entre fatores que podem seguir rumos divergentes.
A queda dos preços das commodities dos últimos dias é fugaz. No caso das commodities alimentares - que têm peso importante no custo de vida -, pode ser considerada normal, levando em conta o calendário das safras no Hemisfério Sul, sem esquecer, porém, a forte seca que se verifica no Hemisfério Norte, especialmente na Europa.
Para as outras commodities, a queda tem origem nas perspectivas de afrouxamento da atividade econômica na China, ainda piores para os outros países industrializados. A economia chinesa, no entanto, pode apresentar surpresas, e, de qualquer modo, a demanda nesse país depende muito mais do vasto volume de consumidores do que de pequena inflexão da conjuntura. No Brasil, a única previsão indiscutível é de queda do preço do etanol, com consequência para o da gasolina, embora o preço de petróleo continue incerto.
A grande dúvida continua sendo sobre o efeito que os reajustes salariais terão sobre os preços. A partir de setembro, importantes dissídios com metalúrgicos deverão afetar o custo de numerosos produtos. As discussões salariais vão-se realizar num momento em que a inflação dos últimos 12 meses se mostrará elevada, alimentando as pretensões dos sindicalistas que se baseiem não na inflação futura, mas na que vem do passado. E estamos verificando que, mesmo com uma tendência de queda da inflação, os preços dos serviços continuam subindo.
O quadro atual é de inflação de demanda, alimentada pela elevação dos rendimentos. Neste cenário, sabe-se que as horas trabalhadas continuarão aumentando, contribuindo para a melhora dos rendimentos.
O único fator que poderá frear a demanda é o nível de endividamento das famílias, particularmente elevado. Parece que o governo, que conseguiu limitar seus gastos, especialmente no caso dos investimentos, não deverá manter essa política de austeridade nos próximos meses.
Esse quadro vai exigir do governo uma política corajosa para permitir que a economia se aproveite da esperada queda das commodities, que na melhor das hipóteses se traduzirá por uma desvalorização do real.”


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