segunda-feira, 14 de março de 2011

“Conselhos de Administração: "Governo alega critérios da competência e diversidade" Para Previ, integrar Elektro à CPFL é alvo de negociação” (Fonte: Valor Econômico)


Autor(es): Josette Goulart | De São Paulo

 Na sexta-feira, três horas depois do fechamento dos mercado e num pequeno intervalo de diferença, a CPFL Energia e a Neoenergia comunicavam à CVM que seus acionistas entraram em negociações em busca de "sinergia e da criação de valor para suas companhias". Mas ao se sentarem à mesa de negociações, Previ, Camargo Corrêa e Iberdrola não buscarão, necessariamente, a fusão dos ativos que têm hoje o fundo de pensão do Banco do Brasil como sócio em comum. A Iberdrola, dona de uma das maiores elétricas do mundo e acionista da Neoenergia, e a Camargo Corrêa, um dos maiores grupos do país, que tem a CPFL como seu veículo de investimento no setor, travam uma acirrada disputa nos bastidores. O que pode estar em jogo nessa rodada de negociações é a Elektro, recentemente adquirida pela espanhola e ainda cobiçada pela CPFL pelo grau de sinergia que traz à sua operação.
O diretor de participações da Previ, Marco Geovanne Tobias da Silva, disse ao Valor que a incorporação da Elektro à Neoenergia, como deseja a Iberdrola, não vai entrar no âmbito das discussões. A empresa espanhola chegou a anunciar essa intenção ao fechar a compra da distribuidora. "Mas se a Iberdrola quiser trazer discussões sobre a Elektro para as negociações, isso será discutido", afirmou. E acrescentou: "Integrar a Elektro à CPFL é uma opção".
As opções estão todas em aberto, segundo ele, informando que só agora bancos de investimentos serão contratados para estudar alternativas. Concretizar uma fusão é uma possibilidade e existe o desejo de se ter uma superelétrica no país, afirmou. Mas o próprio diretor contemporiza, dizendo que ainda há questões contábeis a serem analisadas. Pelas novas regras internacionais de contabilidade, os grupos só poderão consolidar, em suas holdings, 100% dos resultados de uma companhia se tiverem o controle efetivo.
A questão contábil afeta diretamente a Camargo Corrêa, que, em uma possível fusão, teria sua participação diluída. A Iberdrola, que há alguns anos segue as regras internacionais, já contabiliza no balanço seus 39% na Neoenergia. Isso significa que, no lugar de uma fusão, pode haver uma divisão dos ativos ou até mesmo compra dos 61% da Previ e BB na Neoenergia, vindo a melhorar efetivamente seu balanço na Espanha. Fontes próximas ao grupo revelam que já existe crédito disponível para que a Iberdrola compre essas participações.
O grande trunfo dos espanhóis é justamente a Elektro, adquirida da Ashmore em fevereiro. A CPFL não se envolveu na operação conjunta para viabilizar a venda de ativos variados da Ashmore na América Latina, Central e Europa. Queria apenas a Elektro. Comprá-la agora da Iberdrola, em acordo que envolva a Previ pode ser o caminho para que a empresa possa continuar crescendo. Ela tem 13% do mercado de distribuição no país - com a Elektro vai a 17%, tornando-se a maior do país.
A CPFL termina seu programa de investimentos contratados este ano. Sem ter comprado distribuidoras ou vencido grandes leilões de hidrelétricas nos últimos dois anos, ela passa a partir de 2011 a crescer a passos curtos. Além disso, a perda da Elektro foi um grande baque, pois em 2007 adquiriu pequenas distribuidoras no interior de São Paulo, em concorrência com a Ashmore, já de olho na incorporação da Elektro.
A vocação da CPFL, reforçada várias vezes, é ser a consolidadora do setor de distribuição no país. Em geração de energia, tem 2.600 MW que estarão instalados neste ano, colocando-a como a terceira maior geradora privada. Mas, sem novos negócios, deverá perderá mercado para outras geradoras, entre elas a própria Neoenergia, que é sócia em Belo Monte e venceu o leilão de Teles Pires no fim de 2010. A CPFL chegou a avaliar as termelétricas do grupo Bertin, mas, por ora, essa não é a opção considerada para crescer.
Das tantas opções que estão em análise nas negociações dos sócios, uma delas é parceria em leilões de geração, segundo Geovanne. À Previ interessa resolver a questão, pois, como fundo de pensão, tem que se enquadrar em algumas regras. Por exemplo: não pode deter mais que 25% das ações de uma companhia. Hoje, tem 31% da CPFL e mais de 50% da Neoenergia. "Esse é um movimento que pode ser feito no longo prazo", ressalva ele. "O que posso dizer é que os dois grupos, nossos sócios, estão comprometidos com o país e ninguém quer sair do setor em dois anos".
O anúncio veiculado na sexta-feira por CPFL e Neoenergia foi precipitado por uma declaração de executivos da Iberdrola na Espanha na qual diziam que foram procurados pela Previ para tratar do assunto. Recentemente, diante de notícias de fusão das duas empresas, Camargo e Previ negaram que ter iniciado negociações. CPFL Neoenergia, se se juntarem, vão dominar 30% do mercado.
Procurado para falar sobre o assunto, o grupo Camargo Corrêa preferiu não se manifestar.”


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