segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

#Neoenergia compra ativos de acionistas (Fonte: Valor Econômico)

"Autor(es): Josette Goulart | De São Paulo
Valor Econômico - 03/01/2011
 
 A Neoenergias aiu às compras no fim do ano e vai gastar quase duas centenas de milhões de reais na aquisição de ativos de seus próprios sócios, o fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil(Previ) e a empresa espanholaIberdrola. O movimento vai marcar a entrada da empresa em cogeração industrial de energia. Por cerca de R$ 150 milhões, a Neoenergia fechou acordo de compra da Energyworks do Brasil, que tem cinco usinas de cogeração a gás natural no mercado brasileiro e pertence à Iberdrola. A outra aquisição foi o prédio onde está instalada a sede da companhia no Rio de Janeiro e que pertencia à Previ.
O edifício comercial na Praia do Flamengo passa para os ativos imobilizados da Neoenergia por cerca de R$ 26 milhões. O presidente da empresa, Marcelo Corrêa, diz que a compra do prédio foi estratégica porque a companhia vai investir R$ 7 milhões em um centro de operações de suas distribuidoras que ficará instalado no edifício carioca. Os relatórios anuais de investimentos da Previ mostram que, em 2009, o edifício valia exatamente metade do que está sendo pago hoje pela Neoenergia. "É preciso ter prédio próprio para esse tipo de operação", explica Corrêa.
Já a estratégia de compra Energyworks é, segundo Marcelo Corrêa, a de entrar no mercado de biomassa e cogeração de energia. De acordo com dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), a Energyworks possui cinco usinas em operação nos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Ceará e Paraná, com uma capacidade total de gerar 67 MW. O centro de dados da Associação da Indústria de Cogeração de Energia mostra que as usinas estão instaladas nas fábricas da AmBev, Femsa(Kaiser), Rhodiae Corn Products do Brasil (empresa de processamento de milho).
As investidas da Neoenergia em ativos de seus sócios marcam o fim de um ano muito agressivo por parte da companhia em novos investimentos. A empresa se tornou sócia de 10% da usina hidrelétrica de Belo Monte, onde será responsável por R$ 2,5 bilhões em investimentos e venceu o leilão de Teles Pires, onde terá pouco mais de 50% do capital e investimentos de cerca de R$ 2 bilhões. Já em distribuição foi um período de incertezas. Desde o início de 2010 especulava-se que a Previ, principal sócia e dona também da CPFLEnergia, promoveria a fusão de seus ativos e isso mexeria com a Neoenergia. Os conflitos de interesse têm sido constantes fazendo com que a Previ veja duas de suas principais empresas de energia competirem diretamente, desagregando valor para o fundo.
Desde 2008, quando a Iberdrola barrou a sociedade feita com a Cemigpara a compra dos ativos de transmissão da Terna Participações, os espanhóis eram vistos pelos seus sócios como o grande entrave para o crescimento da Neoenergia. A direção da Previ mudou nesse meio tempo e a Iberdrola também. Na época que barrou os negócios, o grupo espanhol estava com problemas em função de um empréstimo internacional que atrelava pagamentos à sua cotação em bolsa. Para manter seus ratings, a empresa teve que impedir a compra da Terna no Brasil, pela Neoenergia.
O grupo espanhol se reestruturou nesse meio tempo e apesar de não ter o Brasil entre seus principais projetos, divulgados em seus relatórios de investimentos, não quer largar mão dos ativos brasileiros. Com as concessões adquiridas em 2010, a Neoenergia saltará do sexto para o segundo lugar no ranking dos maiores geradores privados de energia do país. Em distribuição, também é uma das maiores companhias. Mas a expectativa é de que, neste ano que começa, finalmente a Previ decida o futuro de seus ativos de energia."

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