"A princípio meros registros burocráticos da entrada e saída de pessoas de um órgão público, os seis livros de presença do extinto Departamento de Ordem Política e Social (Dops) - um dos órgãos de repressão da ditadura militar - encontrados pela Comissão da Verdade de São Paulo junto ao Arquivo Público do Estado converteram-se em um primeiro passo fundamental para delinear a conivência - ou mesmo a participação - de empresas e representações estrangeiras em violações aos direitos humanos ocorridas no Brasil durante a ditadura militar.
E as investigações que virão devem tornar ainda mais claras quais eram essas conexões. Em audiência pública realizada ontem, o presidente da comissão, deputado estadual Adriano Diogo (PT), recebeu documentos que "comprovam a contribuição patronal, em diversos setores, ao golpe". São documentos da época obtidos por grupos sindicais que mostram como empresas, estatais e privadas, costumavam delatar ao Dops funcionários seus que possivelmente fossem ativistas políticos.Os livros encontrados no Arquivo Público contêm diversos registros de entradas de Geraldo Resende de Matos, que se identificava como representante da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), e do cônsul dos Estados Unidos na época, Claris Rowney Halliwell. Outros representantes de empresas também aparecem nos livros, ainda que com menos frequência. A comissão vai pedir explicações à Fiesp e ao consulado sobre possíveis relações entre as duas instituições e os serviços de repressão na época da ditadura militar..."
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